segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um Rumo Seguro

Como é óbvio para a maioria dos meus leitores, o fecho do despistagens não significou, nem poderia significar, o meu afastamento da blogosfera.  Fechei um blog porque fechou um ciclo, aliás, já tinha fechado há algum tempo mas por vezes tenho daquelas teimosias como as que costumo ver nas séries de TV onde médicos alucinados tentam reanimar pessoas já mortas durante horas.
Este é sem dúvida um dos desafios mais difíceis que nos é colocado na vida, saber quando é que “chega” deve mesmo querer dizer “chega”!!! Somos conservadores por natureza, não é segredo para ninguém. Temos uma tendência natural para confiar no que conhecemos, para desconfiar do novo, para temer as mudanças.
Já passei por muitas situações na vida e se recorrer à infinita base de dados das situações que vi outros viverem encontro sempre um denominador comum, nunca nada foi tão assustador como a sensação de ver o chão fugir debaixo dos pés. Isso é natural, é perfeitamente natural e compreensível. A frustração de ver energias investidas num determinado projecto que falhou é muito forte, o desgosto por descobrir que um sonho não será realizado é corrosiva. Mas de tudo, o que acho mais perigoso, é a assumpção de que é preferível um "mal" conhecido a um possível "bem" desconhecido.
Quando interiorizamos, muitas das vezes sem o saber, que o que conhecemos, mesmo que nos magoe, mesmo que nos faça mal é melhor do que simplesmente largar o lastro e seguir em frente, estamos a abdicar na nossa capacidade para mudar, para descobrir, para sonhar e realizar. Quando nos amarramos, conscientemente ou não, a um passado que, apesar das coisas boas, resultou num saldo negativo, estamos a viver com medo e não com coragem, o momento em que insistimos em repetir uma solução gasta em vez de tentar encontrar uma nova é o momento em que trocamos o sonho pela certeza da paz de uma tarde de domingo, em que a vida passa a ser uma sucessão infindável de momentos repetidos em direcção ao infinito.
Há momentos na vida em que temos que ousar. Ousar mudar para poder vencer, ousar sonhar para poder realizar. Há momentos na vida em que a vida só faz sentido fora daquilo a que convencionámos chamar a nossa “zona de segurança”, há momentos na vida em que a mudança nos grita a todas as fibras do nosso ser de forma tão ensurdecedora que o crime não é o risco e sim a manutenção.
São esses momentos que nos obrigam a redefinir prioridades e estratégias, são essas ocasiões que nos fazem crescer, ver mais alto, mais longe, de forma diferente. É nessas alturas que descobrimos que temos que mudar e quando mudamos arrastamos nessa mudança parte do nosso mundo. Nem sempre corre bem, nunca é fácil, por vezes tudo fica um pouco pior, mas, da minha parte, posso dizer-vos que abraço mais depressa o risco de uma mudança que beijo uma cadavérica realidade que me magoou.
É por tudo isso e muito mais que o Rumo Seguro nasceu. Nasceu não só de uma necessidade imperativa de procurar novos caminhos, de trilhar novos rumos e, até, de descobrir novas companhias para essa viagem. O Rumo Seguro nasceu porque a rota seguida até agora não me levou onde eu queria chegar, porque a estrada trilhada não cumpriu as minhas expectativas e chegou mesmo a trair a dedicação que nela investi.
Parto sem bússola nem astrolábio. O barco mete água, o leme não é certo e as velas têm mais buracos que os que consigo contar. Não sei com que ventos posso contar, nem se as correntes não serão adversas, não levo muitas expectativas nem espero grandes resultados. Tenho apenas a minha vontade e a minha determinação que já se tornaram lendárias, sei apenas que está na hora de partir, e sei que vou chegar.
Está na hora de encontrar um Rumo Seguro !

Um comentário:

  1. O Povo decidiu, está decidido. Cumpriu-se mais um ciclo político em Portugal e chegou ao fim um ciclo no PS. Importa agora refelctir nos resultados, nas causas e consequências dos mesmos, na elevada abstenção que continua a ter a maior percentagem em comparação ao partido que ganha. Temos que estar prontos e conscientes das mudanças que irão surgir. Defendo uma nova forma de encarar o cargo político, olhos nos olhos, com as pessoas e pelas pessoas, com o estado social sustentável acima de qualquer interesse cooperativista e/ou privado nas áreas que devem sempre estar ao serviço dos cidadãos com o cariz público na sua essência.

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